terça-feira, abril 29, 2008

Rápidos comentários sobre a lista abaixo

Terminei de postar a minha lista de 100 filmes favoritos. É óbvio que, com revisões, as posições podem mudar, um ou outro filme pode sair, outros podem entrar. Mas os primeiros colocados (até o número 25, mais ou menos) são definitivos, e suas posições, acredito eu, são essas aí. Quanto aos quinze primeiros, não há nenhuma dúvida.

Quando vi AURORA pela primeira vez, fiquei absolutamente maravilhado: é o filme mais perfeito de todos, com certeza o mais emocionante; além disso, é um filme sobre a esperança, o que certamente toca-nos de forma especial.

O segundo colocado seria, em sua essência, um filme oposto ao primeiro. A GRANDE TESTEMUNHA é a mais pungente de todas as obras-primas de Bresson, talvez o filme mais melancólico e mais triste da história.

A MARCA DA MALDADE é o maior representante do cinema americano clássico (apesar de ser moderníssimo). É um filme fortíssimo, muito superior a Cidadão Kane.

M é, essencialmente, um filme de terror, o maior de todos.

ANDREI RUBLEV é a maior meditação metafísica já feita no cinema.

DEPOIS DO VENDAVAL é o feel-good-movie da minha lista, mas não só isso: o melhor exemplo do cinema tecnicamente brilhante de John Ford, que foi, além disso, o maior narrador do cinema.

A ROTINA TEM SEU ENCANTO é o canto de cisne de Ozu, um hino à vida, um lamento pelo seu fim, pelo tempo que passa e não volta.

UM CORPO QUE CAI é um dos filmes mais misteriosos já feitos, e tem a melhor música do cinema, de Bernard Herrmann.

CASSINO é o maior épico de todo o cinema: a história de um homem, de um negócio, de um país. Uma história de poder e traição que se repete desde os primórdios da humanidade, captada pela câmera nervosa de Scorsese.

STROMBOLI é cinema humanista da mais alta categoria; as deficiências técnicas de Rossellini não são nada perto de seu poder de criar cenas trágicas a partir de tão poucos recursos.

Os outros são todos tão grandes quanto esses. A ordem está de acordo com aquilo que fala mais alto à minha alma. Apenas gostaria de ter colocado O Joelho de Claire e A Paixão de Cristo em posições mais altas: são filmes que crescem com o tempo, como todo grande clássico.

A maior parte dos filmes listados está disponível em DVD. Mas alguns (os números 2, 7, 13, 21, 26, 31, 32, 34, 35, 36, 38, 42, 49, 58, 62, 66, 67, 77, 81, 84, 88, 91, 92, 94) ainda não estão disponíveis - podem ser encontrados, às vezes, na TV, em cineclubes, ou na internet.

#1 - Aurora



Aurora
Sunrise
EUA, 1927
Dir.: Friedrich Wilhelm Murnau
.

#2 - A Grande Testemunha



A Grande Testemunha
Au Hasard, Balthazar
França, 1966
Dir.: Robert Bresson
.

#3 - A Marca da Maldade



A Marca da Maldade
Touch of Evil
EUA, 1958
Dir.: Orson Welles
.

#4 - M, O Vampiro de Dusseldorf



M - O Vampiro de Dusseldorf
M
Alemanha, 1931
Dir.: Fritz Lang

#5 - Andrei Rublev



Andrei Rublev
Andrej Rubylov
Rússia, 1965
Dir.: Andrei Tarkovsky
.

#6 - Depois do Vendaval



Depois do Vendaval
The Quiet Man
EUA, 1952
Dir.: John Ford
.

#7 - A Rotina Tem Seu Encanto




A Rotina Tem Seu Encanto
Samma no aji
Japão, 1962
Dir.: Yasujiro Ozu

#8 - Um Corpo que Cai




Um Corpo que Cai
Vertigo
EUA, 1958
Dir.: Alfred Hitchcock
.

#9 - Cassino




Cassino
Casino
EUA, 1995
Dir.: Martin Scorsese

#10 - Stromboli


Stromboli
Stromboli
Itália, 1950
Dir.: Roberto Rossellini

sábado, abril 26, 2008

#11 - O Boulevard do Crime




O Boulevard do Crime
Les Enfants du Paradis
França, 1943
Dir.: Marcel Carné
.

#12 - Juventude Transviada




Juventude Transviada
Rebel Without a Cause
EUA, 1955
Dir.: Nicholas Ray
.

#13 - Um Dia no Campo




Um Dia no Campo
Une Partie de Campagne
França, 1936
Dir.: Jean Renoir
.

#14 - Era uma vez na América




Era uma vez na América
Once upon a time in America
EUA, 1984
Dir.: Sergio Leone
.

#15 - A Palavra




A Palavra
Ordet
Dinamarca, 1955
Dir.: Carl Theodor Dreyer
.

#16 - As Pontes de Madison




As Pontes de Madison
The Bridges of Madison County
EUA, 1995
Dir.: Clint Eastwood
.

#17 - Luz de Inverno




Luz de Inverno
Nattvardsgästerna
Suécia, 1962
Dir.: Ingmar Bergman
.

#18 - E o Sangue Semeou a Terra




E o Sangue Semeou a Terra
Bend of the River
EUA, 1952
Dir.: Anthony Mann
.

#19 - O Iluminado




O Iluminado
The Shining
EUA, 1980
Dir.: Stanley Kubrick
.

#20 - O Beijo Amargo




O Beijo Amargo
The Naked Kiss
EUA, 1964
Dir.: Samuel Fuller
.

#21 - Rio Violento




Rio Violento
Wild River
EUA, 1960
Dir.: Elia Kazan
.

#22 - O Vento nos Levará




O Vento nos Levará
Bad ma ra khahad bord
Irã, 1999
Dir.: Abbas Kiarostami
.

#23 - Crepúsculo dos Deuses




Crepúsculo dos Deuses
Sunset Boulevard
EUA, 1950
Dir.: Billy Wilder
.

#24 - Amor, Sublime Amor




Amor, Sublime Amor
West Side Story

EUA, 1961
Dir.: Robert Wise e Jerome Robbins

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

#25 - Com a Maldade na Alma




Com a Maldade na Alma
Hush... Hush, Sweet Charlotte
EUA, 1965
Dir.: Robert Aldrich
.

#26 - Os Vivos e os Mortos




Os Vivos e os Mortos
The Dead
Inglaterra, 1988
Dir.: John Huston
.

#27 - O Alucinado




O Alucinado
El
México, 1953
Dir.: Luis Buñuel
.

#28 - Palavras ao Vento




Palavras ao Vento
Written on the Wind
EUA, 1956
Dir.: Douglas Sirk
.

#29 - Onde Começa o Inferno




Onde Começa o Inferno
Rio Bravo
EUA, 1959
Dir.: Howard Hawks
.

#30 - Luzes da Cidade




Luzes da Cidade
City Lights
EUA, 1931
Dir.: Charles Chaplin
.

#31 - A Bela Intrigante




A Bela Intrigante
La Belle Noiseuse
França, 1991
Dir.: Jacques Rivette
.

#32 - A Embriaguez do Sucesso




A Embriaguez do Sucesso
Sweet Smell of Success
EUA, 1957
Dir.: Alexander Mackendrick
.

sábado, janeiro 26, 2008

#33 - As Coisas Simples da Vida




As Coisas Simples da Vida
Yi Yi
Taiwan, 2000
Dir.: Edward Yang
.

#34 - O Mensageiro do Diabo




O Mensageiro do Diabo
Night of the Hunter
EUA, 1955
Dir.: Charles Laughton
.

#35 - A Sala de Música




A Sala de Música
Jalsaghar
Índia, 1958
Dir.: Satyajit Ray
.

Voltando para terminar a lista dos 100 filmes

Amigos, este blog ficou completamente de lado desde maio do ano passado. Quero apenas terminar de postar minha lista de 100 filmes preferidos. Essas listas, claro, devem ser flexíveis. Ao ver ou rever filmes, nossas opiniões mudam um pouco.

Minha idéia é que, logo, eu comece a escrever, de vez em quando, sobre filmes e livros. É preciso debruçar-se com mais cuidado sobre aqueles que valem a pena. Adoraria, por exemplo, escrever sobre Eric Rohmer, o diretor de O Joelho de Claire, que, após uma revisão, subiu muito no meu conceito, e que com certeza deveria estar numa posição maior na minha lista.

Mas, enfim, vou terminar as postagens, porque os primeiros colocados são, realmente, aqueles que considero essenciais na minha vida. São filmes que me marcaram profundamente. Espero que, quando eu começar a escrever, eu consiga ser o mais sincero e pessoal possível. É só assim que meus escritos terão algum valor. Imitadores baratos de críticos aborrecidos existem aos montes; não quero ser mais um deles. Quero seguir o que diz o poema The song of the happy shepherd, de W. B. Yeats:

Then nowise worship dusty deeds,
Nor seek, for this is also sooth,
To hunger fiercely after truth,
Lest all thy toiling only breeds
New dreams, new dreams; there is no truth
Saving in thine own heart. Seek, then,
No learning from the starry men,
Who follow with the optic glass
The whirling ways of stars that pass--
Seek, then, for this is also sooth,
No word of theirs--the cold star-bane
Has cloven and rent their hearts in twain,
And dead is all their human truth.
Go gather by the humming sea
Some twisted, echo-harbouring shell,
And to its lips thy story tell,
And they thy comforters will be,
Rewording in melodious guile
Thy fretful words a little while,
Till they shall singing fade in ruth
And die a pearly brotherhood;
For words alone are certain good:
Sing, then, for this is also sooth.


Quero escrever de forma que meus textos sejam "echo-harbouring shells". Vamos ver o que o conseguirei fazer... Enquanto isso, fiquem com o restante dos 100 filmes.

sábado, maio 26, 2007

Vossos olhos belos

Quem vê, Senhora, claro e manifesto
Camões

Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só com vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los,
Donde já me não fica mais de resto.

Assi que alma, que vida, que esperança,
E que quanto for meu, é tudo vosso;
Mas de tudo o interesse eu só o levo;

Porque é tamanha bem-aventurança,
O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que quanto mais vos pago, mais vos devo.

*

#36 - Rosas Selvagens


Rosas Selvagens
Les Roseaux Sauvages
França, 1994
Dir.: André Téchiné

"Les Roseaux
sauvages est, sans nul doute, le film le plus personnel que Téchiné ait tourné depuis longtemps. Et le plus réussi. On le sent libre. Libre d’oser. Oser, par exemple (et là, on est en plein opéra!) faire apparaître le fantôme d’un soldat tué en Algérie à celle qui se sent responsable de sa mort (un peu comme Lambert Wilson, renversé par une voiture, ne cessait de hanter la vie de Juliette Binoche dans Rendez-vous). Oser cette séquence qui rappelle les plus belles audaces de la Nouvelle Vague où François, qui a appris que le marchand de chaussures est, selon son expression, un « inverti », s’en va, parce qu’il n’a plus rien à perdre, parce qu’il est prêt à tout, lui demander conseil […] Il y a, dans Les Roseaux sauvages, les moments de grâce infinie, les envolées brutales et les emportements furieux de l’adolescence. Il y a le monde des adultes, symbolisé par deux professeurs également coupables : l’une de ne pas douter assez, l’autre de douter trop." Pierre Murat, Télérama, 01/06/94

#37 - Nosferatu, O Vampiro da Noite



Nosferatu, O Vampiro da Noite
Nosferatu, Phantom der Nacht
Alemanha, 1979
Dir.: Werner Herzog

"Ce Nosferatu, plus qu'un prédateur, est avant-tout la proie d'un destin qui ne lui a jamais laissé connaître ni l'amour ni la mort. Sa mort ressemble donc à un suicide dans les bras du plaisir. Conséquemment, ce vampire est surtout plus humain que son prédécesseur. Son cadavre recroquevillé en est l'ultime preuve là où le vampire de Murnau disparaissait en cendres. Dans un dernier clin d'oeil, le chasseur de vampires arrive trop tard, comme pour confirmer que le comte avait choisi son propre destin. A la réalisation exceptionnelle, s'ajoutent les superbes interprétations tourmentées de Klaus Kinski totalement en contrôle de ses émotions et d'Isabelle Adjani, une beauté glacée qui se sait condamnée. En s'abreuvant de l'essence d'un classique, Werner Herzog, a assuré dans un ultime acte de vampirisme, la survie d'un mythe." Fred Thom

#38 - Intendente Sansho


Intendente Sansho
Sansho dayu

Japão, 1954
Dir.: Kenji Mizoguchi

"When Zushio arrives
as Sado in search of his mother, he is told that she has either jumped from the cape into the ocean (presumably from the spot where we have seen her sing her song of longing) or was engulfed by a recent tidal wave along with many others. Zushio's quest culminates at the shores of the great sea, where all rivers eventually lead. "You have followed the natural course" -- his father's path -- and it has led him to manhood and to reunion with his family. Mizoguchi's camera rises from this intensely, almost unbearably emotional scene to gaze out past mother and son at the now-tranquil sea. One senses in the deep waters which fill the horizon the presence of the entire family in the same frame-space -- Anju, Father, the nurse. The camera turns, peering down at the tiny figure of the man harvesting seaweed on the vast beach. In the aftermath of the tidal wave, out of that oceanic graveyard which envelops most of the earth, he gathers the food, and fertilizer, necessary for those who carry on in 'this transient life'." Jim Emerson

domingo, maio 13, 2007

#39 - Os Guarda-Chuvas do Amor


Os Guarda-Chuvas do Amor
Les Parapluies de Cherbourg

França, 1964
Dir.: Jacques Demy

"Voilà certes une Palme d'or des plus controversées, tantôt admirée par les tenants d'une certaine nouveauté cinématographique, de la romance-bonbon et de la belle musique, tantôt rejetée tel un déchet par
les intellectuels en mal de complexité et de déconstruction narrative!!! Et puis pourquoi pas… Pourquoi ne pas attribuer la Palme d'or à un film "grand public", où la romance à l'eau de rose déploie sa magnificence au son du lyrisme échevelé d'un Michel Legrand en pleine possession de ses moyens. La peinture a eu ses Fragonard, Bouguereau et Watteau… la musique ses Tchaïkovski et Rachmaninov. En 1964, le "cinéma-pompier" triomphe sur les écrans grâce à Jacques Demy et ses Parapluies de Cherbourg . Pour tous ceux et celles qui acceptent les conventions de la comédie musicale, mais aussi son renouveau (tous les dialogues du film sont chantés d'un bout à l'autre), ce film hautement décoratif tient du plus exquis des délices. Ce n'est sûrement pas son sujet qui l'a fait passer à l'histoire. Mais on n'oubliera pas de sitôt sa direction artistique et ses incroyables couleurs, où le papier peint des murs s'harmonise à la perfection aux vêtements des personnages. C'en est presque trop, au point où on en rit à certains moments. Mais il y a le jazz enivrant de Legrand et son non moins célèbre Non, je ne pourrai jamais vivre sans toi , qui nous rattrapent au détour. Et surtout la grande Catherine Deneuve, encore toute jeune à l'époque, et qui était pratiquement une inconnue. S'appropriant la voix sublime de Danielle Licari, elle est toujours bouleversante lorsque, sur le quai d'une gare et le visage en larmes, elle assiste au départ de son amoureux pour la guerre." Louis Goyette

domingo, abril 22, 2007

#40 - Além da Linha Vermelha



Além da Linha Vermelha
The Thin Red Line
EUA, 1998
Dir.: Terrence Malick

"Antes de ser um filme de guerra, Além da Linha Vermelha é um filme sobre uma condição existencial, uma cujo nome está tão batido quanto "existencialismo" ou "irracionalismo": é um filme sobre a incomunicabilidade. Do homem para o mundo falta coisa demais: Witt volta para o paraíso melanésio e vê seu povo destruído (os nativos têm medo dos recém-chegados, as crianças têm doenças de pele, os velhos brigam entre si, os crânios dos nativos são guardados como lembranças de guerra...); o soldado Bell, que encontra na esposa o abrigo para um lugar tão hostil, vê seu mundo despencar; o coronel têm vergonha de seu filho por ele trabalhar com vendas e não pegar em armas. A figura que Malick faz do homem em Além da Linha Vermelha é herdeira do modernismo mais belo do século XX. O homem é cindido, existe algo (Deus, o inconsciente, o Estado) que pensa por ele. Esse algo, entretanto, está sempre fora do filme. A solução cinematográfica que Malick dá é perfeitamente adequada: o homem tem de buscar seu destino por si mesmo, para finalmente poder morrer com serenidade. Daí um último plano maravilhoso, tal como inúmeros outros ao longo do filme: em meio à água rasa, um pequeno monte de terra dá vida a uma planta, que não é bonita nem feia, mas que tenta sobreviver apesar de tudo. Esse é o perfil dos homens de Malick. Como o soldado amigo de Witt, que ao reembarcar (possivelmente para outra missão, quem sabe) tem os olhares perdidos ao longe. Sozinho." Ruy Gardnier

#41 - A Doce Vida



A Doce Vida
La Dolce Vita
Itália, 1960
Dir.: Federico Fellini

"(...) o mar em La Dolce Vita está enfurecido. Um peixe enorme, enquadrado em toda a extensão da tela como um quadro de Hironymus Bosch, um monstro que crava seu olho único sobre os 'sobreviventes' de uma 'última orgia', surge então. (...) Esse monstro, ou esse ser primitivo parece retratar a humanidade de hoje, como símbolo de uma já quase total regressão. O mar e seu cúmplice, o vento, abafam a voz do 'anjo': Marcello, não ouvindo o apelo, vai com os outros, levado pela mão por uma companheira de orgia e angústia, ou uma sacerdotisa do mito do último prazer, o que antecede, talvez imediatamente, o abismo e o fim." Antonio Moniz Vianna (crítica incluída no livro Um Filme por Dia, Cia. das Letras)

#42 - Lola Montès



Lola Montès
Lola Montès
França, 1955
Dir.: Max Ophüls

"Lola Montès...n'est qu'un prétexte. Elle n'interesse guère Ophüls : "Ce sont les gens qui l'entourent qui me passionnent". A travers Lola, Ophuls peint le monde tel qu'il le voit : un cercle infini de hasards et de concordances, une succession de tableaux où les couleurs flamboient, symboliques où s'imbriquent les motifs pourpre et or, pour signifier splendeur et scintillement. Le monde tel qu'Ophuls le critique : tout en poudre aux yeux, en spectacle avilissant, en misère ornée de parures sublimes. C'est un film sur l'ivresse et le vertige, qui pointe le dérisoire avec cruauté. Pauvre Lola, prisonnière d'un univers d'escaliers qui ne mènent nulle part et passant de demeure en demeure décorées de magnifiques miroirs qu'elle n'arrive jamais à traverser."

sábado, abril 14, 2007

#43 - Desencanto



Desencanto
Brief Encounter
Inglaterra, 1945
Dir.: David Lean

"It is with this film that Lean announces himself as a poet of the cinema, using the imagery of shadowy subway passages and platforms lit by sudden bursts of harsh light from passing trains to convey the atmosphere of Alec and Laura's illicit liaison. The small town locations (actually Beaconsfield, near to Denham where most of the film was shot) are beautifully used, both to suggest Laura's real world and how her love for Alec makes her see familiar surroundings in a new light." Janet Moat

sábado, abril 07, 2007

Tomé, o incrédulo



Tomé, o incrédulo
Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1602

sexta-feira, abril 06, 2007

Sermão sobre o jejum

O que pode ser mais eficaz do que o jejum? Por sua observância nos aproximamos de Deus e, resistindo ao diabo, triunfamos da sedução dos vícios. O jejum sempre foi um alimento para a virtude. Da abstinência, enfim, procedem os pensamentos castos, a vontade reta, conselhos saudáveis; e pela mortificação voluntária do corpo, damos morte à concupiscência da carne, renovando o espírito pela prática das virtudes.

Mas como a salvação de nossas almas não é conquistada apenas pelo jejum, completemo-lo pela misericórdia para com os pobres. Seja abundante em generosidade o que retiramos ao prazer; que a abstinência dos que jejuam reverta para o alimento dos pobres. Pensemos na defesa das viúvas, no socorro dos órfãos, na consolação dos que choram, na paz aos revoltosos. Que o peregrino seja recebido, que o oprimido seja ajudado, que o nu seja vestido, que o doente seja curado, a fim de que, todos os que oferecerem o sacrifício de nossa piedade, por estas boas obras, a Deus, autor de todos estes bens, mereçam receber Dele, o prêmio do Reino Celeste.

Sermão sobre o jejum, de São Leão Magno.

quinta-feira, abril 05, 2007

Idealmente feliz

(...)
Escute: estou idealmente feliz. Minha felicidade é uma espécie de desafio. Ao vagar pelas ruas, pelas praças, pelos caminhos ao longo do canal, sentindo distraidamente os lábios da umidade através de minhas solas gastas, carrego com orgulho essa felicidade inefável. Os séculos hão de desfilar, os estudantes bocejarão lendo a história de nossos cataclismos; tudo passará, mas minha felicidade, querida, minha felicidade irá permanecer, no reflexo úmido de um lampião, na curva cautelosa dos degraus de pedra que descem até as águas negras do canal, nos sorrisos dos pares a dançar, em tudo aquilo com que Deus circunda tão generosamente a solidão humana.

A Carta que Nunca Chegou à Rússia (Detalhes de um Pôr-do-Sol - Details of a Sunset and other stories), de Vladimir Nabokov. Trad. Jorio Dauster. Companhia das Letras.

Na pedra dum sepulcro

Lágrimas sem dor - e dor com lágrimas
Gonçalves Dias

Sumiu-se além o sol envolto em raios,
E do lado fronteiro a branca lua
Levanta a fronte pálida entre montes,
E nas águas do límpido regato
Estampa a face inteira.

E eu irei sentar-me junto às margens
Do límpido regato;
Irei cismar sozinho, a sós co'a noite,
Nas minhas penas cruas.

Quero sentir da tarde o fresco orvalho
Nos meus cabelos;
Quero escutar nas folhas o sussurro
Da mansa brisa;

Quero escutar o som da linfa clara
Por sobre as pedras;
Quero escutar do pássaro o gemido
De sob as ramas;

Quero vê-la também, que há tempos ando
Cismando nela,
Que há tempos sempre a encontro triste e muda
Junto à ribeira.

Ei-la sentada ali entre os salgueiros,
Pálida a fronte,
Loiros cabelos sobre a testa ebúrnea
Cândida a veste.

Anjo - encanto - mulher, que és tu na terra?
Quem n'alma te gravou cismar tão triste?
Tão triste palidez quem te há gravado
No semblante formoso?

Oh! se minha alma aflita inda prazeres
Sentir pudesse - se inda amar pudesse,
Se os meus olhos pisados não vertessem
A fio agora corrente;

Anjo - encanto - mulher, foras meu nume,
Foras meu sangue, meu prazer, minha alma,
Minha estrela d'amor, meu anjo e vida,
Pensamento e querer.

Na flor da mocidade, quando a vida
Por entre flores, recendendo aromas,
Risonha e festival, sem medo corre
D'agoireiro futuro;

Por que em vez de nutrir brandos amores
Definhas sem brilhar em festa, em jogos,
Sem um meigo sorrir nos curtos lábios,
Sem cor nas alvas faces?

Anjo - encanto - mulher, por que o teu pranto
Corre agora espontâneo sobre as águas
Do límpido regato, como lágrimas
De náiade gentil?

Por que choras assim? - Traída amante,
Vens de enganado amor as penas cruas
Curtir na soledade?
Mas quem tão negro feito perpretara?
Quem há que, se os teus olhos lhe sorrissem,
Não morrera de amores?

Não o fizera, não, - que tal façanha
Não a faz coração d'homem, que sente,
Que vê tais graças;
Que visse uma só vez, qual vejo agora,
Co'as estrelas do céu pleitear brilho
Teus olhos tão mimosos.

Morreu-te acaso a mãe? - Erma e sozinha,
Vens d'amor filial durante a noite
Pagar tributo amargo?
Mas ei-la que ali vem, terna, ansiada
Por te ver, por te ouvir, por esse pranto
Secar co'um doce beijo.

Ah! chora sempre e sempre; - corre o pranto
Espontâneo e fagueiro nessa idade,
Como orvalho da noite;
Enquanto o mau blasfema, o bom soluça,
Alma do céu, folga em chorar sozinha
Neste exílio da terra.

Ah! chora sempre e sempre, que esse pranto
No seio maternal hoje se entorna,
Que não em terra sáfara;
Doido por muito amar, por ser amado,
Gentil mancebo há de amanhã sorver-t'o
Num ósculo de amor.

Mas eu quando em silêncio as fontes abro
Deste meu coração, embalde os lábios
- Donzela ou mãe - soluçam;
Pelo meu rosto em fio se desliza
Meu triste pranto, e alvíssimo se expande
Na pedra dum sepulcro.

Trop près des cieux

(...)
Augustine mit un doigt sur ses lèvres pâlies, comme pour implorer de sa mère un moment de silence. Pendant cette terrible nuit, le malheur lui avait fait trouver cette patiente résignation qui, chez les mères et chez les femmes aimantes, surpasse, dans ses effets, l'énergie humaine et révèle peut-être dans le coeur des femmes l'existence de certaines cordes que Dieu a refusées à l'homme.
Une inscription gravée sur un cippe du cimetière Montmartre indiquait que madame de Sommervieux était morte à vingt-sept ans. Un poète, ami de cette timide créature, voyait, dans les simples lignes de son épitaphe, la dernière scène d'un drame. Chaque année, au jour solennel du 2 novembre, il ne passait jamais devant ce jeune marbre sans se demander s'il ne fallait pas des femmes plus fortes que ne l'était Augustine pour les puissantes étreintes du génie.
- Les humbles et modestes fleurs, écloses dans les vallées, meurent peut-être, se disait-il, quand elles sont transplantées trop près des cieux, aux régions où se forment les orages, où le soleil est brûlant.


La Maison du Chat-qui-Pelote (La Comédie Humaine - Études de Moeurs - Scènes de la Vie Privée), de Honoré de Balzac

domingo, março 25, 2007

A Montanha Mágica, de Thomas Mann

“Uma das maiores características do romance é, sem dúvida, o seu poder de expressão de uma sociedade, pois que, nesse particular, ele tem sobre a História a grande vantagem de não ser um narrador de fatos, mas um transfigurador da vida, no que ela tem de mais típico, isto é, o caráter de seus homens e do seu tempo. (...) Como é absurdo procurar-se dados exatos nas páginas de um romance, também terá poucas probabilidades de êxito aquele que buscar o caráter de uma sociedade nas páginas de um livro de História. É esse o ponto em que a História e o Romance se completam. Isso vem do grande poder interpretativo de que o romance pode dispor. O romance é, antes de tudo, uma realidade psicológica. A História é uma ciência ‘oficial’. (...) Aquilo que representa a parte íntima de uma sociedade, isso permanece indevassável para os historiadores. A fixação definitiva desse caráter para a posteridade caberá unicamente ao romancista.”

É assim que Wilson Martins caracteriza o romanesco, no livro Imagens da França. Acabo de ler A Montanha Mágica, de Thomas Mann, e esse calhamaço de mil páginas, de fato, traz algo do espírito que dominou o início do século XX na Europa. É a sensação do mal-estar antes da tragédia - no caso, a Primeira Guerra Mundial. Os sete anos de internação do jovem Hans Castorp num sanatório nos Alpes suíços são marcados por esse mal-estar que culmina na luta, na ausência de diálogo, na perplexidade ante a perda de valores que nortearam o povo europeu durante séculos.

Ouso dizer, entretanto, que, apesar de ser um livro interessante nesse aspecto da representação do espírito de uma geração, A Montanha Mágica não é um grande romance. Ele carece de virtudes essenciais do bom romance, aquelas virtudes em que Balzac e Walter Scott eram mestres. O maior defeito do livro é a falta de ritmo; muitas de suas páginas sofrem de um mal sobre o qual o próprio livro discorre: o tédio. Há muitas passagens tediosas no meio daquelas mais marcantes. Faltou a Mann a humildade e a coragem para depurar a história, aparando-lhe o desnecessário.

A propósito do autor alemão, Otto Maria Carpeaux escreveu, e eu assino embaixo:

"Na verdadde, Thomas Mann é um pensador confuso, é o maior dos escritores de segunda ordem, e a alemanidade não é a essência do seu ser, mas o amor infeliz dum bastante fraco herói de tragédia. Nos romances de Thomas Mann há muitas discussões e muitas reflexões; o leitor desprevenido abre a boca, sufocado sob enormes massas de pensamentos. Mas não há pensamento; em particular, nenhum pensamento original. (...) Não sendo pensador original ou claro, Mann é um grande manejador de pensamentos, o que é a primeira condição do ensaísta. Thomas Mann é um admirável ensaísta. Apenas, é preciso saber que um ensaísta não é um causeur engraçado, mas um escritor sério, cujo pensamento torturado é transfigurado por um raio de poesia. (...) Mann é muito pobre em imaginação, (...) o maior escritor de uma época artificial e decadente, (...) não conhece metafísica nenhuma. (...) Durante toda a longa vida laboriosa, não passou de um pensador confuso." (Ensaios Reunidos - 1942-1978. Org. Olavo de Carvalho)

É um julgamento duro, mas que se há de fazer? A Montanha Mágica é um romance falhado. Não tem o impacto da obra-prima de Mann, a novela Morte em Veneza. Falta-lhe o "raio de poesia" de que fala Carpeaux. Talvez Mann tenha falhado por soberba, pois talento não lhe faltava, como comprova essa linda e dolorosa passagem, na qual os primos Hans Castorp e Joachim Ziemssen passeiam acompanhados de Karen Karstedt, jovem franzina de dezenove anos, muito doente, nos últimos dias de vida:

Subiam lentamente, em fila indiana, porque a trilha aberta a pá não permitia irem lado a lado. Deixando atrás e abaixo as mais altas das casas construídas na vertente, olhavam, enquanto subiam, a paisagem familiar na sua magnificência invernal, que mais uma vez se deslocava na perspectiva e lhes abria um outro aspecto. Dilatava-se rumo ao nordeste, em direção à entrada do vale. Surgia a esperada vista do lago circular, rodeado de bosques, congelado e coberto de neve. Atrás da sua margem oposta, os planos inclinados das montanhas pareciam encontrar-se no solo, e mais além assomavam cumes desconhecidos, sobrelevando uns aos outros, diante do céu azul. Os três contemplaram tudo isso, detendo-se na neve, em frente ao portão de pedra que dava acesso ao cemitério. A seguir entraram, abrindo os batentes de ferro, que estavam simplesmente encostados.

Também no interior acharam trilhas limpas de neve, que passavam por entre as elevações dos túmulos cercados de grades e estufados de neve, esses leitos bem-dispostos e simétricos, com suas cruzes de pedra ou de metal, e com seus pequenos monumentos adornados de medalhões e dísticos. Não se ouvia nem se via ninguém. A calma, o isolamento, a paz do lugar pareciam profundos e íntimos em muitos sentidos. Um anjinho ou menino de pedra, com um boné de neve colocado obliquamente na cabeça, quedava-se em alguma parte no meio das moitas e fechava os lábios com um dedo; podia passar pelo gênio do lugar, quer dizer, o gênio do silêncio, de um silêncio que se afigurava nitidamente como a negação e o antípoda da palavra falada, como um ato de emudecer, portanto, mas absolutamente não era desprovido de conteúdo ou de vida. Para os dois visitantes do sexo masculino aquela seria sem dúvida uma ocasião de tirar os chapéus, se os tivessem levado. Mas, já que andavam descobertos - também Hans Castorp passara a fazê-lo -, limitaram-se a uma atitude reverente, caminhando com o peso do corpo sobre as pontas dos pés e fazendo uma espécie de pequenas mesuras para os lados, enquanto seguiam, em fila indiana, Karen Karstedt, que conduzia o cortejo.

A forma do cemitério era irregular. Começava por estender-se num retângulo estreito em direção ao sul, para depois ampliar-se em dois sentidos, por meio de outros retângulos. Evidentemente se haviam feito necessários repetidos aumentos, tendo sido acrescentadas partes dos campos vizinhos. Mesmo assim, o recinto parecia novamente ocupado na sua quase totalidade, ao longo dos muros tanto como na zona interior, menos apreciada em geral. Era difícil assinalar um lugar onde mais alguém, em caso de emergência, pudesse ser enterrado. Discretamente, os três companheiros caminharam durante longo tempo pelas estreitas trilhas e corredores, entre as sepulturas. Estacavam, de vez em quando, para decifrar um nome com as respectivas datas de nascimento e de morte. As pedras sepulcrais e as cruzes eram simples e demonstravam pouco aparato. No que toca às inscrições, os nomes eram das origens mais diversas: havia ingleses, russos ou ao menos esavos, mas também alemães, portugueses e outros. As datas, porém, contavam uma história delicada; o intervalo que separava uma da outra era geralmente de extraordinária brevidade; o número de anos decorridos entre o nascimento e o exitus elevava-se, na média, a vinte ou pouco mais; muita juventude e pouca gente sisuda povoava o acampamento, um povo volúvel que viera aqui de todas as partes do mundo e se adaptara definitivamente à existência horizontal.

Em determinado lugar, entre a multidão de jazigos, no interior do campo-santo, quase no seu centro, encontraram um pedacinho de terra ainda rasa, do comprimento de um homem deitado, um pedacinho desocupado, entre dois túmulos em cujas pedras estavam penduradas coroas de perpétuas. Detiveram-se ali, a moça um passo à frente dos seus companheiros, e leram as tristes inscrições gravadas nas pedras, Hans Castorp numa atitude de abandono, com as mãos entrelaçadas, a boca aberta e os olhos sonolentos; o jovem Ziemssen em posição de sentido, não somente ereto, mas até um pouco inclinado para trás. E ambos os primos, possuídos de uma curiosidade simultâneas, lançaram um olhar de esguelha para o rosto de Karen Karstedt. Ela percebeu, apesar de toda a discrição, e deixou-se ficar ali, acanhada e humilde, com a cabeça avançada um tanto obliquamente. Com os olhos piscando nervosamente, esboçou um sorriso forçado.

A Montanha Mágica (Der Zauerberg), de Thomas Mann. Tradução de Herbert Caro. Editora Nova Fronteira.

#44 - A Lenda dos Beijos Perdidos



A Lenda dos Beijos Perdidos
Brigadoon
EUA, 1954
Dir.: VincenteMinnelli

"A classic - if not
the classic - Minnelli musical, Brigadoon is an explicit statement about (and partial criticism of) the notion that an artist only lives through his art, preferring its reality to the world's. The film begins with a disenchanted Kelly in flight from 'civilised' New York, lost in the Scottish Highlands and stumbling on the legendary village of Brigadoon which only appears for one day each century. There he meets the love of his life Fiona (Charisse), only to discover both the truth about Brigadoon and that some of its inhabitants want the real life he is fleeing from, even though it will destroy Brigadoon. Disillusioned when the villagers kill the would-be escapees, Kelly leaves. But in New York, amidst the chaos of modern living, he discovers he is yearning for Fiona and Brigadoon. He returns to Scotland where his faith (and Fiona's love) conjures up Brigadoon. This time he settles there, accepting that the price of happiness is to live but one day a century. As this description of the film makes clear, it (and Minnelli's musicals in general) is escapist to say the least. However, Minnelli's musicals must be seen alongside his dramas which examine the other side of the coin, the problems of confronting reality, rather than evading it or constructing one's own." Time Out

#45 - Laura



Laura
Laura
EUA, 1944
Dir.: Otto Preminger

"A mise-en-scène de Preminger é arquitetada rigidamente, e, tendo a completa noção do impacto de cada especificidade cinematográfica, mantém sua forma de filmar, sem perder a fluidez, enquanto o sentido também permanece igual. E isto acarreta num impacto ainda maior quando suas estruturas – tanto narrativas como estilísticas, visto este atrelamento recíproco – são abaladas. A câmera está totalmente centrada no seus personagens, acompanha cada movimento com eles, descortina os ambientes em conjunto. Mesmo nos pequenos movimentos dos personagens, a câmera sente a necessidade de também se re-situar, re-equilibrar a composição, permitir que todos os personagens continuem em pé de igualdade; exceto nos singulares momentos em que a narrativa não valoriza mais um personagem, mas diminui o outro, ou temos um corte para o primeiro plano, brusco pela ausência de cortes, e que demonstra uma reação digna de isentar-se do resto. O cenário, por sua vez, situa e estabelece cada personagem, sempre tendo seu lugar na mise-en-scène. O caso mais notório é o quadro de Laura, que num primeiro momento era o arcabouço de todas as idealizações e o pivô do amor de McPherson (Dana Andrews), e que se impunha na composição como uma pessoa. E mesmo com a inesperada volta de Laura, o quadro continua lá, onipresente, representando a ambigüidade das "Lauras", do crime, do amor e da sociedade – sem nunca deixar de ser um personagem." Lucas Barbi

#46 - Chinatown



Chinatown
Chinatown
EUA, 1974
Dir.: Roman Polanski

"The whole movie is a tour de force; it's a period movie, with all the right cars and clothes and props, but we forget that after the first ten minutes. We've become involved in the movie's web of mystery, as we always were with the best private-eye stories, whether written or filmed. We care about these people and want to see what happens to them. And yet, at the same time, Polanski is so sensitive to the ways in which 1930s' movies in this genre were made that we're almost watching a critical essay. Godard once said that the only way to review a movie is to make another movie, and maybe that's what Polanski has done here. He's made a perceptive, loving comment on a kind of movie and a time in the nation's history that are both long past. Chinatown is almost a lesson on how to experience this kind of movie." Roger Ebert

#47 - Branca de Neve e os Sete Anões



Branca de Neve e os Sete Anões
Snow White and the Seven Dwarfs
EUA, 1937
Dir.: David Hand, Walt Disney

"Disney's inspiration was not in creating Snow White but in creating her world. At a time when animation was a painstaking frame-by-frame activity and every additional moving detail took an artist days or weeks to draw, Disney imagined a film in which every corner and dimension would contain something that was alive and moving. From the top to the bottom, from the front to the back, he filled the frame. (...) ''Snow White and the Seven Dwarfs'' was immediately hailed as a masterpiece. (The Russian director Sergei Eisenstein called it the greatest movie ever made.) It remains the jewel in Disney's crown, and although inflated modern grosses have allowed other titles to pass it in dollar totals, it is likely that more people have seen it than any other animated feature. The word genius is easily used and has been cheapened, but when it is used to describe Walt Disney, reflect that he conceived of this film, in all of its length, revolutionary style and invention, when there was no other like it--and that to one degree or another, every animated feature made since owes it something." Roger Ebert

#48 - O Joelho de Claire



O Joelho de Claire
Le Genou de Claire
França, 1971
Dir.: Eric Rohmer

"Muito mais criar ambiências com a luz do que utilizá-la para recortar objetos e rostos. Como esquecer da mágica cor das tardes ociosas em frente ao mar de O Joelho de Claire (...)? O cinema de Eric Rohmer lida primeiramente com a instalação da câmera em um espaço, e apenas posteriormente com os comportamentos e as falas dos personagens. A presença bruta, pujança do espaço real físico faz sempre petição de princípio em relação às tramas, às intrigas, às evoluções e circunvoluções da narrativa". Ruy Gardnier, Contracampo

#49 - As Três Noites de Eva



As Três Noites de Eva
Lady Eve
EUA, 1941
Dir.: Preston Sturges

"Preston Sturges’ The Lady Eve is some kind of great movie. And yet, like most of the best Hollywood movies of its time, its emotional range is narrow, it makes almost no pretensions to observation of American life or to social satire, its characterization is almost nil and its conflicts a clash of stereotypes. It is, in short, “classic” Hollywood and so has none of the features by which we are accustomed to recognize serious art or dramaturgy. And yet it can surely be argued from the experience of this wonderfully funny movie that its effect on us is somehow serious—that it has the richness, completeness, and resonance by which we recognize something fully and seriously done, whether we can explain it or not—and no one has yet quite accounted for or settled on a way of explaining the power and force, the peculiar beauty of the Hollywood studio film at its best." James Harvey, Criterion Collection