
O Leopardo
Il Gattopardo
Itália, 1963
Dir.: Luchino Visconti
“Visconti imprimiu a O Leopardo um tom menos amargurado que aquele presente no romance original de Giuseppe di Lampedusa. Com uma visão desapaixonada da história e de sua própria vida, o príncipe Fabrizio (Burt Lancaster) vai da constatação de que sua estirpe está condenada aos esforços práticos para que ela sobreviva parcialmente. Sua meta é facilitar o casamento de seu sobrinho favorito, Tancredi (Alain Delon), com Angelica (Claudia Cardinale), filha de um burguês rico – um plano que ele segue com brilhantismo e não pouca admiração pela vitalidade e beleza resplandecente de Angelica, tão diversa da apatia e macilência de suas próprias filhas. (...) Reapreciado a distância, com todas as suas três horas de duração e seus cenários e figurinos magníficos, o filme irmana Visconti com Lampedusa, bem mais do que com seus pares políticos. Ainda que a descendência do príncipe deixe a desejar, ele próprio é o auge da espécie – culto, vigoroso, inteligente, astuto, ciente do passado e presciente acerca do futuro. Sua investida na aliança entre seu sobrinho e a burguesa é benigna, e é notável a delicadeza com que ele se deixa usar por Angelica, dançando com ela na famosa cena do baile para consagrar publicamente sua ascensão social. Mas que não reste dúvida: é o príncipe que dá as cartas aqui, e seu espírito é o que merece sobreviver. Certo estava o americano Burt Lancaster, que depois de muito procurar um modelo no qual calcar os maneirismos do príncipe Fabrizio se deu conta de que ele estava ali, bem à sua frente – o próprio Luchino Visconti, que deixou em O Leopardo uma espécie de carta de amor a si mesmo.” Isabela Boscov
“Visconti imprimiu a O Leopardo um tom menos amargurado que aquele presente no romance original de Giuseppe di Lampedusa. Com uma visão desapaixonada da história e de sua própria vida, o príncipe Fabrizio (Burt Lancaster) vai da constatação de que sua estirpe está condenada aos esforços práticos para que ela sobreviva parcialmente. Sua meta é facilitar o casamento de seu sobrinho favorito, Tancredi (Alain Delon), com Angelica (Claudia Cardinale), filha de um burguês rico – um plano que ele segue com brilhantismo e não pouca admiração pela vitalidade e beleza resplandecente de Angelica, tão diversa da apatia e macilência de suas próprias filhas. (...) Reapreciado a distância, com todas as suas três horas de duração e seus cenários e figurinos magníficos, o filme irmana Visconti com Lampedusa, bem mais do que com seus pares políticos. Ainda que a descendência do príncipe deixe a desejar, ele próprio é o auge da espécie – culto, vigoroso, inteligente, astuto, ciente do passado e presciente acerca do futuro. Sua investida na aliança entre seu sobrinho e a burguesa é benigna, e é notável a delicadeza com que ele se deixa usar por Angelica, dançando com ela na famosa cena do baile para consagrar publicamente sua ascensão social. Mas que não reste dúvida: é o príncipe que dá as cartas aqui, e seu espírito é o que merece sobreviver. Certo estava o americano Burt Lancaster, que depois de muito procurar um modelo no qual calcar os maneirismos do príncipe Fabrizio se deu conta de que ele estava ali, bem à sua frente – o próprio Luchino Visconti, que deixou em O Leopardo uma espécie de carta de amor a si mesmo.” Isabela Boscov
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